Ele é um cara com sobrenome de guitarrista de banda indie do Reino Unido dos anos 80. A premissa é verdadeira, essa pessoa acumula presença em 3 bandas: Anarchitects, Blazing Dog e Art of Khaos.
Por coincidência, ou não, o brasiliense Igor Thomas Gehard, além de músico, é UX Writer no Bradesco e nerd declarado, não escondendo seu fascínio por “pop culture”.
Foi mal aí, mas mantive o “pop culture” (cultura pop em português, em tradução livre) porque Igor foi professor de inglês (e também português) por 16 anos. E esse background de compartilhador de conhecimento é um dos seus trunfos no campo de UX Writing.
“(…) O questionamento, a defesa de ideias embasadas em dados e pesquisas e a capacidade de persuasão desempenham um papel vital (…) A vivência como professor facilita muito nesses aspectos”, explica Thomas Gehard.
O papo que eu tive com ele foi massa demais. Eu, se fosse você, não perderia uma linha sequer. Segue o fio!
O que é UX Writing/Content Design para você e qual é a importância da disciplina para um mundo cada vez mais digitalizado?
UX Writing / Content Design é sinônimo de transformação e adaptação. Envolve a capacidade empática de se colocar no lugar das pessoas usuárias, visando criar experiências agradáveis e eficazes.
Isso implica na criação de conteúdo claro, conciso e relevante, orientado a guiar os usuários em suas jornadas digitais, aprimorando a usabilidade, a acessibilidade e a satisfação de um modo geral.
Como UX Writers, desempenhamos um papel crucial em um mundo onde as interações digitais moldam nosso cotidiano
Com a constante evolução das interfaces digitais, o UX Writing desempenha um papel central, assegurando uma comunicação intuitiva, reduzindo confusões e frustrações.
Além disso, o potencial de gerar empatia e conexões emocionais (aprimorando a percepção da marca e fidelização do público) é uma das principais armas da disciplina.
Conforme o mundo abraça a era digital, a habilidade de proporcionar interações coesas, envolventes e eficazes através do UX Writing, se torna uma peça-chave para o sucesso dos negócios e a satisfação dos usuários.
Como a sua vivência de professor/tradutor se conecta com o Igor de hoje? Qual é a conexão?
Ter experiência como professor me deu uma grande vantagem na esfera de UX Writing. Não apenas pelas quase duas décadas como professor de idiomas e escrita, mas também pela aquisição de competências cruciais para todo o processo, desde entrevistas de emprego até em relação às demandas diárias de um UX Writer.
A arte de manter uma sala inteira atenta é intrínseca quando se é professor. A habilidade de se comunicar de maneira didática e eloquente, conectar pensamentos e apresentar ideias de modo coeso são algumas das coisas que, como professor, eu tive que exercitar e hoje me servem tão bem.
Essas habilidades se destacam em entrevistas, permitindo facilmente dominar o diálogo, causando um impacto positivo em recrutadores
Na prática de UX Writing, o questionamento, a defesa de ideias embasadas em dados e pesquisas e a capacidade de persuasão desempenham um papel vital. Falhar em articular esses elementos em público de maneira clara pode ser uma desvantagem. A vivência como professor facilita muito nesses aspectos.
Minha proficiência em tradução também trouxe vantagens para a carreira de UX Writer. A capacidade de utilizar ferramentas de forma estratégica, adaptar conteúdo conforme a língua de destino e compreender que a tradução, como ecoado por Humberto Eco, é “quase a mesma coisa”, nunca idêntica, enriquece o meu conjunto de habilidades e me aprimora como UX Writer.
Você tem uma ligação com a língua inglesa, devido a sua graduação em Letras. Como você avalia o potencial do mercado de Localização?
O mercado de Localização tem um grande potencial. Adaptar produtos e conteúdos para diferentes culturas e idiomas ajuda a alcançar mais pessoas ao redor do mundo.
Investir na Localização é importante para as empresas que desejam atrair diferentes tipos de pessoas e se destacar das outras
Como UX Writer, acredito que essa área é fundamental para criar experiências boas e significativas em um mundo cada vez mais conectado.
Como uma pessoa que atua em UX Writing pode manter a relevância no mercado?
Manter a relevância contínua como UX Writer envolve uma combinação de estratégias dinâmicas. Aprender novos idiomas amplia seu alcance global e a capacidade de adaptar conteúdo para diversos públicos. Acompanhar tendências em Design, tecnologia e comportamento do usuário é fundamental para permanecer à frente das demandas em constante evolução. Ferramentas como ChatGPT podem ser aliadas poderosas, agilizando processos e enriquecendo a criatividade.
Não, o ChatGPT não vai roubar o seu emprego
Exibir o seu trabalho no LinkedIn é uma maneira eficaz de demonstrar suas habilidades e compartilhar insights sobre sua abordagem criativa. Além disso, cultivar sua presença online e contribuir para discussões relevantes solidifica sua reputação como especialista. Provar sua competência através de projetos sólidos e resultados mensuráveis é essencial. Compartilhar estudos de caso e depoimento de clientes enfatiza suas conquistas.
Em resumo, adaptação constante, a exploração de novas ferramentas, a demonstração pública de suas habilidades e a contínua aprendizagem são peças-chave para manter-se uma força relevante no mundo em constante evolução de UX Writing.
O que você falaria para alguém que deseja fazer a transição de carreira para UX Writing em 2023?
Eu costumo aconselhar as pessoas que buscam orientação comigo da seguinte maneira: “A cara de pau é o melhor currículo.” E isso é verdade!
De forma geral, ter autoconfiança e não ter receio de receber uma resposta negativa pode levá-lo mais longe do que simplesmente apresentar um portfólio no Notion mencionando um amor duradouro pela escrita. Tem que aprimorar currículo e portfólio sim, mas ir além…
Quem está em transição deve se candidatar a mais oportunidades, mesmo que não atenda a todos os requisitos
É preciso entrar em contato com a equipe de recrutamento e dizer: “Olha, sou uma ótima combinação para essa vaga por causa de X e Y.” Isso demonstra interesse genuíno e determinação.
Meu primeiro freelance foi assim. Eu era fã de um serviço e percebi que poderia aprimorar o conteúdo da empresa. Iniciei uma conversa com o fundador da empresa, preparei um material completo, fiz uma apresentação detalhada sobre como eu poderia contribuir e trabalho lá até hoje. Isso aconteceu cerca de três meses depois de eu ter começado a estudar UX Writing.
Em suma, meu conselho valioso para um júnior: “tenha cara de pau”!
E aí, curtiu o papo? Se está começando agora, vá à luta, cara de pau e “ao infinito e além”. Ah, acompanhe o Igor no Linkedin!