“UX Writing ainda é considerado trivial por empresas mais tradicionais”

UXmania
3 min readJul 28, 2020

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Gabriel Mitsu — Foto: divulgação

Eu não conheço o Gabriel Mitsu pessoalmente, mas ele foi uma das primeiras pessoas da comunidade UX Writer que eu troquei uns papos. Sempre oportuno em suas coloçações no grupo, eu não fui com a cara dele em um primeiro momento, confesso, mas era apenas um mal entendido gerado por um bot mal-caráter.

Depois disso, as conversas pairaram sobre UX Writing, filhos, “new normal” e otras cositas más. Até fui convidado, vai vendo, para comer salgadinho Fofura e colar no bailão de Madureira, subúrbio do Rio — terra da Portela (claro que após a pandemia cessar).

Carioca da Tijuca, Gabriel mora em São Paulo desde os tempos de 7X1, aka 2014, quando foi trabalhar em uma agência de Publicidade. Fez parte da equipe de consultoria de design da agência Jussi e do time de Design da startup de entregas Loggi. Atualmente contribui como referência de UX Writing em produtos das empresas Kroton e Localiza.

Leia a entrevista abaixo!

Me conte um pouco sobre como foi a sua transição para o UX Writing.

Eu andava pouco satisfeito com o mercado de Publicidade e a minha escolha de carreira. Via algum tipo de incompatibilidade das minhas qualidades com o que era exigido, mesmo sabendo que qualquer novo caminho escolhido iria envolver o manuseio da palavra.

Até que no começo de 2018, um amigo, que trabalhou comigo em uma pequena agência de Publicidade e que havia migrado pra Designer de Produto, comentou sobre a crescimento da função de UX Writer.

No momento, eu me lembrei imediatamente de quando ouvi pela primeira vez o termo: em um trabalho pontual pra um site para as Olimpíadas, em 2016, uma colega de trabalho havia comentado que eu me daria bem na especialidade, na época ainda mais nichada.

Comecei a pesquisar sobre a disciplina e poucos meses depois, o mesmo amigo me indicou para uma agência de Publicidade que estava trabalhando com o conceito de UX e UX Writing.

Consegui a vaga, me identifiquei ainda mais com o desafio e a importância do papel e continuo na luta.

Mitsu continua na luta — Imagem: Elias SchPixabay

Como você acredita que UX Writing é visto pelo mercado, as empresas entendem para que serve a disciplina ?

Acho que, na média, elas já sabem que as palavras não podem ser tão gratuitas a ponto de serem pensadas imediatamente antes da conclusão do trabalho, algo comum um tempo atrás.

UX Writing ainda é considerado trivial pelas empresas mais tradicionais. As mesmas que talvez não valorizem o processo de UX como um todo. Mas isso tem mudado aos poucos.

Covid-19: o mercado para o UX Writer vai piorar, melhorar ou ficar na mesma após voltarmos à “normalidade”?

Acredito que a crise econômica vai exigir da disciplina um salto de qualidade inevitável. Processos vão ter que ser repensados visando o autoatendimento.

A adequação da mensagem exposta irá levar em conta contextos mais complexos.

Agora, mais do que nunca, é hora de valorizar a responsabilidade da comunicação em todas as soluções possíveis em um mundo em crise. Temos muito trabalho a fazer.

Como um profissional de UX Writing pode trazer resultados consistentes para a empresa que trabalha?

É importante que o UX Writer tenha o senso crítico tão afiado quanto o melhor Analista de Produto, só que voltado ao contexto da escrita.

Ao realizar as perguntas certas, se torna viável produzir conteúdos que vão além da sinalização de processos: é possível eliminar grande parte do custo em suporte e desistências prematuras por falta de clareza do valor do serviço ou produto ofertado.

Clareza passa legitimidade e confiança para o usuário. Isso pode ser medido em números, ao comparar textos com ênfases distintas. O UX Writer tem esse poder nas mãos.

See ya, UX Mania!

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UXmania

Ideias, descobertas, engajamento, transição. Um blog sobre UX Writing, Design, Comunicação, Música e outros assuntos instigantes. Por Felipe Madureira.